quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Aqui estamos nós

Miguel está prestes a completar um mês.

Está lindo, forte, crescendo com saúde. Ele tem olhos penetrantes que me encaram durante a mamada e o sorriso banguela mais lindo que eu já vi.
Blogs de mamães embevecidas, como eu, têm vários na internet. De mamães de primeira viagem, às voltas com a primeira fralda, o primeiro banho, o primeiro choro, também têm diversos e todos muito bons (sou fã de muitos e tiro minhas dúvidas neles o tempo todo). Não vejo como poderia contribuir com minha experiência neste aspecto. É por isso que este blog  caminha para ser descontinuado.
Meu objetivo foi falar para as mulheres que é possível sim dar a luz depois dos 40.
Procurei mostrar os tratamentos que fiz, as dúvidas que tive, erros e acertos no processo, medos e onde encontrar ajuda especializada.
Demorei para querer ser mãe não sei bem o porquê. As crianças sempre gostaram de mim, tenho dois enteados muito queridos e tive o privilégio de ter a melhor mãe do mundo. Em 2005, ela foi embora alegrar o céu e foi nesse momento que senti um vazio enorme: a falta da relação mãe-filha. Minha mãe não voltaria e eu não tinha para quem repassar todo o amor que doía no meu peito. Decidimos ter um bebê.
O tempo passou e o bebê não vinha. Procuramos ajuda médica.
Começamos com estimulação com Clomid. Foram três tentativas sem sucesso.
Fizemos IIU - Inseminação intra-uterina e... nada.
Partimos então para um método de fertilização in vitro chamado ICSI - Injeção Intracitoplasmática de Espermatozóide, que seria mais efetivo que a FIV tradicional, não funcionou. Era sério. Se o método mais eficiente não funcionava era porque havia alguma coisa além da simples "infertilidade sem causa aparente" alegada pelos médicos.
Pesquisando descobri a "vacina do papai" ou ILP - Injeção de Linfócitos Paternos. Foram três doses de uma vacina feita a partir do sangue do meu marido. A premissa era a de que eu poderia estar produzindo anticorpos ao meu marido e rejeitando o embrião por ter parte da carga genética dele, portanto uma vacina poderia me fazer receber este embrião. A ILP faz muito efeito em casos de abortos repetitivos, não era exatamente o meu problema mas resolvi tentar. Não mudou nada.
Mudei de clínica. Nossa capacidade de produção de embriões caía rapidamente. Fiz acupuntura. Diagnóstico do acupunturista: "pés frios, cabeça quente". Precisaria inverter os pólos para engravidar.
Fiz uma TEC - Transferência de Embriões Congelados, também não funcionou.
Retirei pólipos, fiz uma cirurgia no endométrio, retirei nódulos do seio. Para cada exame de gravidez negativo descobria um problema para tratar. Tratei todos. Fiz mais três FIVs. Fui apresentada a um exame que se faz no embrião que analisa se ele tem formação genética compatível com a vida. Custa quase a mesma coisa que a FIV propriamente dita, mas é importante para quem tem mais de 40 porque identifica problemas genéticos graves e dá a possibilidade de o casal decidir se quer correr o risco de um aborto futuro (ou de um bebê com problemas) ou não. Tive embriões recusados no exame genético pré-implantacional e optei por não implantá-los.
Em janeiro deste ano, finalmente, fiz a última FIV. Consegui três embriões sadios. Implantei dois, congelei um. Dos dois implantados, um virou o Miguel.
Nesta época, estava 25 quilos mais gorda, como parte do tratamento de fertilidade, tomava 16 comprimidos diários, além de injeções aplicadas por mim mesma. Eu era uma bomba de hormônios movida unicamente pela esperança.
Trabalhava normalmente, viajava, cuidava da família. No primeiro trimestre da gravidez começou o processo de desmame dos hormônios. As doses foram diminuindo, fui desinchando, emagrecendo. Os enjoos comuns nesta fase também ajudaram a perder peso. Passei os primeiros três meses esperando a má notícia. Sim, eu temia perder o bebê. Tinha pesadelos. Procurava não fazer planos para não sofrer depois. Foi só quando eu tive alta da clínica de fertilização e passei a ser cuidada pelo obstetra, como uma mulher normal, foi que comemorei a gravidez. Cuidei do meu enxoval peça por peça. Bordei, tricotei, crochetei. Tirei a teia de aranha da máquina de costura, fiz bainhas, cueiros, sapatinhos, manta. Esperei o bebê curtindo cada sensação até as não tão bacanas. Enjoos, pés inchados, como eu sonhei por isso!
A chegada do bebê pareceu um passe de mágica. Tudo está valendo a pena. Até as noites insones e a falta de tempo para todas as outras coisas que não sejam olhar, ninar e beijar meu pequeno milagre.

O maior amor do mundo

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Socos e pontapés = paz e amor


É. Chegamos ao nono mês. Falta pouco, muito pouco para eu ver a carinha do meu bebê. A ansiedade é enorme. O bebê também. Medidas recentes informam que o rapazinho está com 3,1 quilos e deve ter mais de 48 cm.
O espaço dele em casa está quase pronto, tudo arrumadinho. Já na minha barriga está cada vez menor. E o inquilino reclama, se movimenta bem menos, mas com muito mais intensidade. O que antes eram cambalhotas divertidas, agora são socos e chutes bem sentidos que, juntando com as tais contrações Braxton Hicks, posso dizer que incomodam. Assim como as dores na pelvis, a azia, o refluxo, o inchaço, a prisão de ventre e a congestão nasal e a imensa dificuldade para respirar e falar ao mesmo tempo. Desajeitada, eu ainda tive um probleminha extra, uma torção no pulso direito que me impede de fazer vários movimentos, inclusive este de digitar.
O leitor pode pensar que este é um post de lamentações sobre os problemas do nono mês, mas é exatamente o contrário. Estou registrando sensações que não esperava ser capaz de sentir. Aos 44 anos, depois de oito tentativas de fertilização in vitro, não esperava que tudo corresse de forma tão tranquila. Preparei-me para uma gravidez de alto risco (e tive apenas duas ocorrências mais sérias até agora), trabalhei minha cabeça para a possibilidade de um aborto ou um parto prematuro, mas a natureza e a ciência foram bastante generosas comigo.
Nunca me senti tão bem na vida. Estou distraída, mimada, sem a menor concentração para qualquer coisa. Estou envolta num mundo de lembranças, planos, sonhos, possibilidades... nunca divaguei tanto. Tem horas que passam muito rápido, outras que estão em slowmotion. As pessoas estão diferentes. Umas contam suas experiências, outras perguntam da minha, todas têm um sorriso compreensivo no olhar. Sei não, acho que a gravidez me deu um barato... sou bem capaz de cumprimentar alguém com um sinal de paz e amor.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Novidades em FIV após os 40

Fiz sete tratamentos de fertilidade antes de conseguir o meu positivo.
Eu quero crer que tudo tem seu tempo e que cada tentativa me fortaleceu e me preparou para esta gravidez (relativamente) tranquila que tenho agora.
Passei por três clínicas de fertilização. Uma, que prefiro esquecer, não me deu a devida atenção. Mudei então para a IPGO, coordenada pelo médico Arnaldo Schizzi Cambiaghi. Lá fui atendida pela dra. Daniela Castellotti, que cuidou de mim com muito carinho, razão pela qual fui atrás dela quando fundou sua própria clínica. Na primeira tentativa na clínica nova veio o positivo.
Foi a dra. Daniela quem me recomendou três tratamentos que ajudam na fertilização in vitro: 
o uso da Coenzima Q10, do DHEA e da vitamina D.
A Coenzima Q10 mandei fazer em farmácia de manipulação. A vitamina D se compra em qualquer farmácia, mas pedi na manipulação também. O DHEA foi mais complicado. Tive de comprar pela internet, demorou um pouquinho, mas chegou.
Se eles foram imprescindíveis para o sucesso da FIV eu não posso afirmar. Mas o fato é que ao longo da vida vamos perdendo algumas vitaminas e hormônios. A reposição deles pode ajudar a balancear o organismo. Enfim, dar um truque na passagem do tempo.
O portal SempreMaterna  listou estes e outros tratamentos que vale a pena conhecer melhor.


quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Pelo direito de parar


Muito já se brigou pelo direito de ir e vir. Hoje eu só quero o direito de estacionar.
Sim, minha gente. Parar razoavelmente perto de onde eu pretendo ir. A questão da acessibilidade na cidade de São Paulo é crítica. Nessas semanas finais da gravidez senti na pele o que idosos e deficientes passam e descobri que eles têm leis para legitimar o direito a um tratamento mais humano nas vagas e filas e nós, gestantes, não.


Quando estamos sem barriga e vemos este símbolo aí em cima, achamos que está tudo bem. Mas é só procurarmos com atenção a tal vaga para barrigudas ou mulheres com bebê que descobrimos que elas não existem. Se o símbolo na entrada do estacionamento diz que há vagas para todas as pessoas com limitações de locomoção, quando chegamos perto da entrada  do estabelecimento propriamente dito, seja shopping, supermercado, farmácia ou qualquer outro; o símbolo pintado no chão não deixa dúvidas. A vaga, na verdade, é para cadeirantes e idosos.
O estabelecimento jogou para a gestante a decisão de ou descumprir a lei e as regras do bom senso e ocupar uma vaga destinada a cadeirantes e idosos ou circular pelo estacionamento até encontrar uma vaga comum mesmo.
Tenho optado por procurar a vaga comum, mas confesso que quem sai perdendo é o comerciante. Quando consigo chegar até a loja já andei tanto no estacionamento que estou cansada, sem fôlego e com os pés (ah, os pés...) inchados. Então compro o mínimo possível e vou embora.
Supermercados se esquecem que é a mãe, na maioria dos casos, que abastece a despensa do lar; shoppings se esquecem que, nos meses finais de gestação, as mães tem que dar conta de uma lista enorme de produtos para a chegada do bebê. São muitos itens. De roupas a enxoval, de produtos de higiene a brinquedos, de lembrancinhas até móveis e artigos de decoração.
E não é só a distância que incomoda a quem chega ao sétimo ou oitavo mês de gestação. O espaço entre as vagas também não colabora. Precisamos de espaço para abrir a porta o máximo possível, projetar as pernas para fora do carro e apoiar as mãos para impulsionar o corpo para cima. Sair do carro exige uma ginástica. E entrar nele de volta também! Vagas mais largas nos ajudariam muito.

*Obs 1: Pra não dizer que não existe vaga só para gestante e mamães com bebês, encontrei uma no Wal Mart recentemente. O supermercado ampliou a oferta de produtos para bebês, criou uma área só para estes produtos e a vaga no estacionamento complementa a novidade. Espero que continue e que outros varejistas sigam o exemplo.

*Obsb2: O que não está legal no Wal Mart é a limpeza dos banheiros da unidade da Chácara Flora. Nojinho!

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

iBaby

Acabei de comprar um aplicativo para controlar as mamadas e a rotina do bebê assim que ele nascer, chama-se Total Baby. Indicação de uma amiga que é organizadíssima e tem no celular todo o controle de toda a rotina de sua linda Sarah.
Mesmo antes de o bebê nascer, o celular me ajuda muito. Nele eu tenho o aplicativo da Babycenter que acompanha a gravidez diariamente. É ótimo. Tem dicas do que fazer, do que eu estou sentindo, do que esperar, do que eu não posso me esquecer e semanalmente traz uma atualização de como está o desenvolvimento do bebê. Esta semana, por exemplo, informa que os pulmões e o sistema digestivo do bebê estão praticamente prontos; diz que ele consegue enxergar o que acontece dentro do útero e já distingue claro de escuro; e que ele está envolto em 1 litro de líquido amniótico. Bacana, né?!


Antes de engravidar, meu oráculo era a comunidade E-familynet. Era lá que eu tirava as minhas dúvidas, conversava com mulheres que estavam passando pelas mesmas coisas que eu, trocava informações, checava o que o médico havia dito, descobria novos métodos e matava um pouco a ansiedade. O grau de ansiedade pelo qual passa uma mulher em um tratamento de Fertilização in Vitro é enorme e fica mais severo ainda com a quantidade de hormônios injetados. Na comunidade, a troca é tão boa que uma acaba por acalmar a outra


terça-feira, 31 de julho de 2012

30 semanas

"Mexeu, tá vivo". 
Com esta simplicidade o obstetra resumiu os principais cuidados que eu devo ter até a próxima consulta.
Era tudo o que eu precisava ouvir. Confesso.
No primeiro trimestre, esperava por uma má notícia a qualquer momento. Custei a acreditar que o positivo era positivo mesmo e que todos os sintomas - dos enjoos, tonturas, ao nariz aguçado - tinham a ver com um bebê. Era mais fácil achar que tinha enlouquecido de vez, a crer que na sétima tentativa eu tinha finalmente engravidado.
O segundo trimestre foi de calmaria. Comprei umas roupinhas de bebê;  minha barriga começou a aparecer, apesar de o peso continuar abaixo do que eu pesava antes da gravidez (lembram dos hormônios?); e comecei a achar que estava numa espécie de sonho longo e coletivo. O tempo ia passando e eu demorava a materializar a presença de um bebê em minha vida. Acho que era medo. Medo da perda, da dor, da decepção, enfim. Passei por tantos médicos invasivos e sofisticados antes da gravidez, que a tranquilidade da gestação me deixava descrente de que tudo estava bem. Mas estava.
Agora, ao chegar a 30ª semana tudo parece real. Miguel deixa claro que está a caminho e não pára de se mexer. A presença dele dia e noite me anima. Em poucos dias, comprei tudo o que é fundamental para o conforto do bebê e agora estou me dedicando aos supérfluos. Que delícia!
Ocupei meu tempo livre (sim, eu tenho tempo livre! nem sabia...) para produzir eu mesma umas coisinhas pra ele. Já fiz sapatinhos de tricô, bico de crochê em fraldas de pano, bainhas de pacthwork em cueiros, paninhos de boca e toalhas e estou às voltas com uma manta de tricô em ponto fantasia. Logo, logo mostro minhas obras. Aguardem.

Obs: Desculpem pela falta de constância nos posts. É que quando eu vejo que estou com uma tendência de transformar o blog em um diário, como neste post, eu paro de escrever. Queria mesmo reunir informações de saúde, úteis para quarentonas que sonham em engravidar, mas as vezes me pego falando de mim mesma e não acho que seja isso o que interessa. Mas, usando o jargão que mais ouço nos últimos tempos, seguem as minhas desculpas: São os hormônios


segunda-feira, 18 de junho de 2012

Melancia

A fertilização in vitro é um milagre da ciência e blá, blá, blá. Concordo.
Foi por meio dela que carrego hoje o pequeno Miguel aqui comigo. Sou grata.
Mas, não posso deixar de informar a quem pensa em seguir por este caminho que os hormônios engordam. Sim, engordam.
Tudo bem que eu exagerei, fiz sete tentativas, troquei de médico, de clínica e de medicação, mas não há como disfarçar. Do começo da jornada até o positivo engordei 25 quilos, exatamente a metade do meu peso original. Troquei as roupas 40 por modelitos 44 (tá bom, confesso, 46).
Era um pouco de tudo: inchaço e retenção de líquidos, fome provocada pelos remédios e muita tensão. Em outro post, vou contar como é um ciclo inteiro da fertilização e vocês verão o que é ansiedade. Bem, o fato é que fertilização engorda, acredite.
Mas ao recebermos o positivo no exame de Beta HCG, como num passe de mágica as coisas mudam. Em alguns casos, como o meu, a clínica mantém e até aumenta a dose de hormônios no início da gestação para garantir a implantação do bebê, mas os enjoos com o remédio, os odores do mundo e tudo o mais são tão intensos que a grávida começa a emagrecer.
Ao chegar no terceiro mês, na maioria dos casos, tudo melhora. A médica suspendeu todos os medicamentos e a natureza suspendeu os enjoos. Sem enjoo volta o apetite mas, sem o hormônio, o apetite é algo mais equilibrado. A alimentação naturalmente muda e fica mais saudável. Afinal esse momento foi tão esperado, mas tão esperado que não vamos querer enfiar o pé na jaca justo agora.
O fato é que chego ao 6º mês pesando 67 quilos, bem menos que os 75 que eu  carregava no final do ano passado. De gorda passei a ser uma garota que engoliu uma melancia.
Hummmmmm...