Está lindo, forte, crescendo com saúde. Ele tem olhos penetrantes que me encaram durante a mamada e o sorriso banguela mais lindo que eu já vi.
Blogs de mamães embevecidas, como eu, têm vários na internet. De mamães de primeira viagem, às voltas com a primeira fralda, o primeiro banho, o primeiro choro, também têm diversos e todos muito bons (sou fã de muitos e tiro minhas dúvidas neles o tempo todo). Não vejo como poderia contribuir com minha experiência neste aspecto. É por isso que este blog caminha para ser descontinuado.
Meu objetivo foi falar para as mulheres que é possível sim dar a luz depois dos 40.
Procurei mostrar os tratamentos que fiz, as dúvidas que tive, erros e acertos no processo, medos e onde encontrar ajuda especializada.
Demorei para querer ser mãe não sei bem o porquê. As crianças sempre gostaram de mim, tenho dois enteados muito queridos e tive o privilégio de ter a melhor mãe do mundo. Em 2005, ela foi embora alegrar o céu e foi nesse momento que senti um vazio enorme: a falta da relação mãe-filha. Minha mãe não voltaria e eu não tinha para quem repassar todo o amor que doía no meu peito. Decidimos ter um bebê.
O tempo passou e o bebê não vinha. Procuramos ajuda médica.
Começamos com estimulação com Clomid. Foram três tentativas sem sucesso.
Fizemos IIU - Inseminação intra-uterina e... nada.
Partimos então para um método de fertilização in vitro chamado ICSI - Injeção Intracitoplasmática de Espermatozóide, que seria mais efetivo que a FIV tradicional, não funcionou. Era sério. Se o método mais eficiente não funcionava era porque havia alguma coisa além da simples "infertilidade sem causa aparente" alegada pelos médicos.
Pesquisando descobri a "vacina do papai" ou ILP - Injeção de Linfócitos Paternos. Foram três doses de uma vacina feita a partir do sangue do meu marido. A premissa era a de que eu poderia estar produzindo anticorpos ao meu marido e rejeitando o embrião por ter parte da carga genética dele, portanto uma vacina poderia me fazer receber este embrião. A ILP faz muito efeito em casos de abortos repetitivos, não era exatamente o meu problema mas resolvi tentar. Não mudou nada.
Mudei de clínica. Nossa capacidade de produção de embriões caía rapidamente. Fiz acupuntura. Diagnóstico do acupunturista: "pés frios, cabeça quente". Precisaria inverter os pólos para engravidar.
Fiz uma TEC - Transferência de Embriões Congelados, também não funcionou.
Retirei pólipos, fiz uma cirurgia no endométrio, retirei nódulos do seio. Para cada exame de gravidez negativo descobria um problema para tratar. Tratei todos. Fiz mais três FIVs. Fui apresentada a um exame que se faz no embrião que analisa se ele tem formação genética compatível com a vida. Custa quase a mesma coisa que a FIV propriamente dita, mas é importante para quem tem mais de 40 porque identifica problemas genéticos graves e dá a possibilidade de o casal decidir se quer correr o risco de um aborto futuro (ou de um bebê com problemas) ou não. Tive embriões recusados no exame genético pré-implantacional e optei por não implantá-los.
Em janeiro deste ano, finalmente, fiz a última FIV. Consegui três embriões sadios. Implantei dois, congelei um. Dos dois implantados, um virou o Miguel.
Nesta época, estava 25 quilos mais gorda, como parte do tratamento de fertilidade, tomava 16 comprimidos diários, além de injeções aplicadas por mim mesma. Eu era uma bomba de hormônios movida unicamente pela esperança.
Trabalhava normalmente, viajava, cuidava da família. No primeiro trimestre da gravidez começou o processo de desmame dos hormônios. As doses foram diminuindo, fui desinchando, emagrecendo. Os enjoos comuns nesta fase também ajudaram a perder peso. Passei os primeiros três meses esperando a má notícia. Sim, eu temia perder o bebê. Tinha pesadelos. Procurava não fazer planos para não sofrer depois. Foi só quando eu tive alta da clínica de fertilização e passei a ser cuidada pelo obstetra, como uma mulher normal, foi que comemorei a gravidez. Cuidei do meu enxoval peça por peça. Bordei, tricotei, crochetei. Tirei a teia de aranha da máquina de costura, fiz bainhas, cueiros, sapatinhos, manta. Esperei o bebê curtindo cada sensação até as não tão bacanas. Enjoos, pés inchados, como eu sonhei por isso!
A chegada do bebê pareceu um passe de mágica. Tudo está valendo a pena. Até as noites insones e a falta de tempo para todas as outras coisas que não sejam olhar, ninar e beijar meu pequeno milagre.
O maior amor do mundo |